terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Poesias II



Indagações

Por que te afliges, oh minh’ alma,
pela saudade de um tempo que não volta mais...
por coisas vividas e outras que sequer existiram...
pelas projeções feitas e que disso não passaram?

Do que foges e o que temes,
o que anseias e te faz prisioneira?
Vive o presente e sejas livre
no passado e no amanhã nada podes fazer.

Por que tanta inquietude oh minh’alma...
Por que vagar sem pouso nem repouso
se bem sabes aonde podes descansar?

És forte como um carvalho há séculos enraizado
e livre como um pássaro que canta e voa
porque isso é a tua vida.

Descanse, regala-te...Tens a eternidade para amar.


Celebração

Enquanto passo por aqui vejo vitrines a piscar,
luzes que parecem gritar: venha, há uma vida a celebrar!
É Natal, comércio atraente, cheiros, cores e sons...
tudo chama para festejar.

Ruas cheias, passos apressados,
pessoas se acotovelam... todas querem comprar.
Há papai Noel com seus pacotes coloridos e
crianças por ele a esperar.

Mas ali, logo ali, olhares tristonhos e distantes...
puro desencanto! Noite escura que parece não findar.
Pés descalços, braços nus, frio, fome e solidão...
há crianças que não sabem o que esperar.

Noite de imagens distorcidas insiste em não passar.
Venha, vamos festejar! Se quiser traga sim,
pacotes, cheiros, luzes e sons...
há tantas pessoas para visitar.

Mas não se esqueça,traga também
um coração que deseja amar.

Pois, afinal,é Natal...
Há uma vida a celebrar!


Hoje mais que ontem

Olhar penetrante, firme e acolhedor
toca minh'alma num instante perfeito.
Esse teu olhar - quando em vez - questionador
provoca-me a resposta guardada no peito.

Mãos que deslizam... puro veludo!
Toque macio... sobram carícias!
Sou convidada a despir-me do escudo
que trago no peito por antigas sevícias.

Prelúdio ou poslúdio de uma noite de amor?
Pode ser um ou outro, tu és sempre assim.
Ages sem hora marcada e trazes o calor
de uma linda sinfonia orquestrada prá mim.

Constrange-me seu jeito, desejo saber
se é amor verdadeiro eu quero abraçar.
Expressão de afeto sem que nem porque
conquista minh’alma e me estimula a ficar.

Sinto-me amada e assim encoraja-me
nessa doce aventura instigante e serena.

Quero-te hoje mais do que ontem... amanhã?
Saberemos um dia, mas já terá valido a pena.

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